Arte: Judith Clay
Não sei os mistérios, as mãos, as vidraças;
não sei a hora nem o dia do amor
que em vida é pressa, é vago, é frágil.
Não sei as heranças - o que existe
depois da última hora
do último beijo e da última espera
atrás da porta.
Não sei os meus passos e nem as esquinas.
Não sei se o que encaro é pura rotina
ou etapa que se vence, por mero acaso.
Não sei as vidas que me cercam
e que aguardam atentas, meu gesto
minhas palavras estéreis e amenas
- como algumas mulheres
que cortam a paisagem sem deixar marca.
Não sei o certo e o errado
o que fazer diante do impasse
na dúvida, não sei o resto
na certeza, não sei a meta.
Só sei mesmo que todo tempo é curto
e que meu chão é este:
feito de pedra e pluma
em barro e nuvem e irremediavelmente, meu.
(Eolo Yberê Líbera)
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