Talvez porque faço verso, falo, escrevo
digo poemas, letras de sabão.
Todos já fizeram, muitos por mérito
Manoel, Ferreira, Bandeira, Drumão.
E eis que também sou nordestino, sou
coisa dessa pátria, do sol, do sertão.
Não porque sou poeta, nem porque presto!
Só me vejo, infesto, e tento, por que não?
Essa voz que fala dentro do certo, apetrecho
sela, chapéu de coro, cabresto e gibão
fazendo verso para passar o tempo
caminho, cavalo, vento e morão.
É o clima do mundo que vejo
também já dancei o forró na noite de São João.
Já fui moço, menino, menino-homem
já tive moça, donzela, menina de família na mão.
E me rendo ao sertanejo de cara riscada
sol, terno, enxada, peleja, labuta e cachaça
me rendo ao sertanejo dando risada
lhe devo tudo povo, meu corpo, curvo em graça.
Meu sertão.
Viriato Sampaio
O Viriato escreve no Portão do Descanso
Foto: google imagens
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