Soneto de devoção




Essa mulher que se arremessa, fria
  e lúbrica aos meus braços, e nos seios
me arrebata e me beija e balbucia
versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
que se ri dos meus pálidos receios
  aúnica entre todas a quem dei
os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
  a miséria e a grandeza de quem ama
  e guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! – uma cadela
talvez... – mas na moldura de uma cama
nunca mulher nenhuma foi tão bela!

(Vinicius de Moraes)

 
 
 
 
ANEXO
 

Noite carioca

Diálogo de surdos, não: amistoso no frio.
Atravanco na contramão. Suspiros no
contrafluxo. Te apresento a mulher mais discreta
do mundo: essa que não tem nenhum segredo.
 
(Ana Cristina César)


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