Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada
III
Chove torto no vão das árvores.
Chove nos pássaros e nas pedras.
O rio ficou de pé e me olha pelos vidros.
Alcanço com as mãos o cheiro dos telhados.
Crianças fugindo das águas
se esconderam na casa.
Baratas passeiam nas formas de bolo...
A casa tem um dono em letras.
Agora ele está pensando -
no silêncio líquido
com que as águas escurecem as pedras...
Um tordo avisou que é março.
(Manoel de Barros - Trecho de "O Guardador de águas".)
III
Chove torto no vão das árvores.
Chove nos pássaros e nas pedras.
O rio ficou de pé e me olha pelos vidros.
Alcanço com as mãos o cheiro dos telhados.
Crianças fugindo das águas
se esconderam na casa.
Baratas passeiam nas formas de bolo...
A casa tem um dono em letras.
Agora ele está pensando -
no silêncio líquido
com que as águas escurecem as pedras...
Um tordo avisou que é março.
(Manoel de Barros - Trecho de "O Guardador de águas".)
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