Sobre erros


O preço do meu erro
Muitas vezes é o desterro
Outras tantas, a desilusão
Imprecisa percepção
De que os sonhos se desfazem
Que os brilhos são fulgazes
Que as chuvas são menores que a estiagem
Erros costumazes
Que errar presse aqui é profissão
Os erros saem pelo ladrão
E se acumulam pelo chão
Empoçados num lago imenso
Tudo por eu ser propenso
E teimar que ainda venço
No fim da procissão

Quando isso me desanima
Solapa minha estima
E eu acordo desolado
Achando o mundo insípido
E os cotornos todos quadrados
Desejoso de um mar límpido
Um refúgio para mergulhar
Onde possa me recuperar
Para seguir com a caminhada
Expandir minhas asas sangradas
E mais uma vez cantar
Nas notas destoantes costumeiras
Sobre a profundidade do abismo
Já que sigo sempre pela beira
Me equilibrando nos interstícios
E saboreando cada vício
Que eu rio
E vejo a besteira
De cansar do desafio
Pois descançar é bobeira
Viajar é preciso
O resto é conseqüência
Por isso não tenha clemência
De me atiçar a indolência
Quando eu estiver indeciso
Precisando dançar...


(Jorge)

Esses versos foram um comentário no outro blog, Mil Almas Inquietas.
O poeta, Jorge, salve! tem um blog repleto de poesia e música, vale a pena a visita!
http://salvesalvejorge.blogspot.com/


Arte de amar


Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

(Manuel Bandeira)


Eu acho que concordo com ele!!!!!




Se


Se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra


eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto


ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio


daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...


(Alice Ruiz)


O que será que aconteceria, se a gente se cruzasse?????


Dialética do poema



Dialética do Poema


Fazer um poema
não é dizer coisas profundas.
É ver as coisas como as coisas não são.


Fazer um poema não é viajar no espelho.
É ir à procura do rosto do homem
perdido na escuridão.


É descer às raízes do sangue e do mito.
Fazer um poema é estar em conflito
com os dedos da mão.


(Francisco Carvalho)


É difícil ser poeta: cada poema é o resultado de uma intensa batalha entre a mão e a folha em branco!




Momento


Teu cheiro na minha pele,
mistura-se às flores ao lado.
O vento bate, devagar,
eriçando pêlos e cabelos.
Entre mãos e sussuros:
respiração.
É o acorde que eu procurava.
Desenho teu rosto
fundido ao meu como um só.
Entre mãos e sussurros:
relógio.
Laço seus dedos
"Não, não vá"
só o vento responde,
enquanto o relógio observa.

(Priscila Mondschein)